Eu gostaria de terminar o ano com a foto abaixo
com a pureza do sorriso de Bebel, alheia a tantas coisas mundanas
Inevitável como a próxima geração que sorrirá e chorará tantas vezes
E que contará os anos como nós contamos os anos
E quederá mais solícita nessa época que denominamos natal
Absorta em tantos símbolos disvirtuados como o disvirtuado é o homem mesmo
Mas Bebel guarda a pureza dos que seguem o inevitável e não sabem porque
E o seu sorriso pensa as feridas do que se foi, só porque ele vale a pena:
2006 será o ano da concretude
Eu me casarei
Eu lecionarei
Eu cantarei
Eu gravarei
Eu publicarei
Eu engravidarei
Não falarei das coisas passadas porque vocês as passaram comigo
nem quero falar das coisas presentes, porque elas estão agora comigo
Falo das coisas futuras, como o horizonte puro e misterioso no sorriso de Bebel
Feliz natal a todos
Feliz 2006
quinta-feira, dezembro 22, 2005
sexta-feira, dezembro 16, 2005
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Pocket conto de natal
Ele havia acordado naquela noite disposto a cravar a lâmina cega no pescoço do pai. Tudo pela surra da noite anterior que quase lhe custou a vida. Ninguém daria conta da vida de um pastor naqueles dias. Mas ao se aproximar do rosto barbado do pai, ouviu uma cantilena de anjos lá fora, vindo de uma manjedoura que ficava ali perto. E deu-se uma comoção de não-sei-o-quê nele, embora não compreendesse bem a língua cantada. E viu o homem que estava deitado diante de si como algo particularmente próximo, naquilo que se convencionava a chamar de família. Recolheu a lâmina e engoliu a dor da surra se esforçando para repetir a cantilena que ouvia vinda lá de fora da manjedoura. E deu-se uma paz na casa e na cabeça do menino que seria morto pelo pai naquela mesma semana.
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