terça-feira, agosto 29, 2006

barroco

Estar vivo é não se alhear à exposição das instituições em crise
dar-se conta que as mãos envelhecem e que não fizeram a obra esperada
restituir o que foi roubado do sótão de si mesmo ao longo da infância
comer, beber e não se dar por satisfeito
errar seu erro, mas o seu, não de outro, mas o intransferível, pessoal e inequívoco erro
ter na carne o vislumbre da eternidade, como em Cristo (que se come e se bebe e nisso se eterniza)
Estar vivo e perder a medida do tempo enquanto o tempo se esvai
errar seu erro - já falei isso?
dar a cada um um doze avos da sua transitoriedade
esquecer mais do que lembrar que nisso reside a morte
e morrer como certeza de que se está vivo