domingo, novembro 29, 2009

para o infinito e além


Para onde a gente vai, pai?
Para 2010, filha
E o que tem lá?
Não faço a menor idéia
Mas você não sabe tudo?
De jeito nenhum; papai seria infeliz se de tudo soubesse
...
O bonito é isso, filha, é não ver o horizonte, mas saber que ele existe
Então me dá a mão, pai
Tem medo não, filha, a gente anda sobre as águas
É milagre, pai?
É amor, filha

sábado, novembro 28, 2009

Fratelli



Só os olhos treinados podem ver os espíritos que caminham entre nós. Entender que mais do que uma manifestação da metafísica, os espíritos são a permanência do nosso passado, destroçado, diminuído, mas ainda assim lá, a sussurrar sua teimosia em ficar no tempo que não mais lhes pertence. São unicórnios silenciosos a atestar que fomos feitos para a única certeza que trazemos na carne: que nada fica para sempre.

Um dia, as ruínas da fábrica da Fratelli Vita não existirão mais. Mas enquanto elas estão aqui, eu me sinto mais próximo dos que me antecederam, fico irmanado aos meus fantasmas, em vida; e o gosto do guaraná doce na boca transforma toda saudade em sentido.

quinta-feira, novembro 19, 2009

No Alarms and no surprises

Esse inverno em pleno dezembro,
Impede que o sol ao sol se repita
Desobedece aos simples conceitos da física
Como um anti-deus não semita

Sopra o frio nos meus ossos da face
E o que era sorriso reconstrói-se em angústia
Enquanto o mar (azul) se descobre em vidas
A minha vida se encobre em minúcias

E quedo antítese do caju e do garbo
Nevando nos dias de sol de dezembro
Pois em vão tento conter esse inverno
Que me esfria o futuro até onde me lembro