sexta-feira, janeiro 27, 2006
Hoje
Em homenagem à Mozart escutem "A Rainha da Noite" da "Flauta Mágica", principalmente os que admiram os Maçons (Mozart expôs segredos maçons e segundo uma das lendas que cercam sua morte prematura, foi assassinado por eles). Mentira. Mas isso só torna a audição mais gostosa.
segunda-feira, janeiro 16, 2006
Carta para Glívio:
Amigo Glívio, esse final de semana fui a sua loja e a encontrei fechada. E o que é pior: aquelas risadas soltas que eu dei com meus amigos em noites de traspassamos o expediente comercial estavam abafadas. Não se ouviam mais. Perdi o passo de discorrer contigo sobre a permanência do vinil pelos seus ruídos e a condenação da pureza do laser (pois o puro deixemos para o paraíso, aqui convivemos com pecados saudáveis, como a gula).Perdi o sabor intuído do futuro que estava dormindo na sugestão perspicaz do amigo, sugestão para se comer a dois, como se costuma lá em casa.
Glívio, as transnacionais venceram? Como eu queria que suas ideologias tivessem vencido o meu pai naquele dia de portas cerradas, quando e onde eu não podia mais saborear a surpresa que você prepararia para nós, enquanto nos empanturrávamos de vinho (porque vinho também é comida), ao som de Billie (que hoje me permitirá chamá-la assim), no disco escolhido por você. Mas os cálculos do meu pai são imperdoáveis e, infelizmente, exatos como a maldita pureza do CD.
Mas o pior, o pior disso tudo, amigo Glívio, é que eu não tenho a menor idéia de como encontrar você, de como ligar pra você, de como dizer que a amizade é a mesma, de convida-lo para uma farra e preocuparmo-nos com isso amanhã. De dizer o quanto sua comida me ensinou.
Se você ler isso por alguma razão que desconheço, se você for trazido a esse mar dantes furioso, se você chegar nessa terra inventada pelas minhas sem-razões, manda um e-mail pra mim (amussalem@hotmail.com). Eu não sei cozinhar, mas o sabor da amizade é algo que eu gosto de temperar.
Forte abraço
André
Glívio, as transnacionais venceram? Como eu queria que suas ideologias tivessem vencido o meu pai naquele dia de portas cerradas, quando e onde eu não podia mais saborear a surpresa que você prepararia para nós, enquanto nos empanturrávamos de vinho (porque vinho também é comida), ao som de Billie (que hoje me permitirá chamá-la assim), no disco escolhido por você. Mas os cálculos do meu pai são imperdoáveis e, infelizmente, exatos como a maldita pureza do CD.
Mas o pior, o pior disso tudo, amigo Glívio, é que eu não tenho a menor idéia de como encontrar você, de como ligar pra você, de como dizer que a amizade é a mesma, de convida-lo para uma farra e preocuparmo-nos com isso amanhã. De dizer o quanto sua comida me ensinou.
Se você ler isso por alguma razão que desconheço, se você for trazido a esse mar dantes furioso, se você chegar nessa terra inventada pelas minhas sem-razões, manda um e-mail pra mim (amussalem@hotmail.com). Eu não sei cozinhar, mas o sabor da amizade é algo que eu gosto de temperar.
Forte abraço
André
quinta-feira, janeiro 12, 2006
domingo, janeiro 08, 2006
quarta-feira, janeiro 04, 2006
terça-feira, janeiro 03, 2006
O significado cabalístico de 2006
Há exatos 10 anos - em 1996 - entramos em estúdio eu, Rodrigo Pinto, Carlos Campello, Alexandre Moreira e Giórgio X-nofonte, na primeira de várias gravações que permeariam nossas vidas até hoje: a gravação de "Bossa".
"Bossa" foi a estréia do Confraria de Bamba (à época denominada de "Confraria de Samba", denominação modificada pela provável confusão com os então efervescentes grupos de pagode de churrascaria), um projeto gravado no Conservatório Pernambucano de Música, em um dos mais modernos estúdios de gravação da época. Éramos 1o anos mais jovens, tínhamos perspectivas nunca confirmadas mas que foram registradas em uma mesa digital de 24 canais.
A despeito de todas as falhas de gravação, a audição hodierna de "Bossa" transparece a explosão de criatividade que acorda nos 20 e poucos anos e que portávamos como cédula de identidade. Não há uma identidade nas 05 músicas de "Bossa", contrapartida da juventude tanto minha quanto de Rodrigo que impedia, através da surpresa de desvelar-se-mo-nos músicos, uma unidade tanto de composição quanto de arranjos.
Por isso mesmo a delícia de se ouvir "Bossa" 10 anos depois; seja pela voz hesitante e falha, seja pela poesia juvenil e - de certa forma - inocente que desponta na audição de cada música. "Bossa" teve uma acolhida mais favorável do que podíamos imaginar, mas nunca foi divulgada para o grande público, como cada gravação posterior do Confraria até sua última edição "Obra Aberta, Carta Fechada", que eu considero a obra mais bem acabada por nós produzida: o amor ao samba e ao frevo tradicional devidamente homenageado em três músicas dedicadas a Paulinho da Viola.
Por ironia do destino, "Obra aberta" volta ao mesmo ponto de "Bossa", quebrando com as experiências de "Confraria de Bamba", a segunda fase do projeto, gravada em 1998.
O fim mudo do Confraria retrata a minha incapacidade de dialogar com o mundo lá fora, a despeito das tentativas de divulgação das músicas empreendida por mim e Gustavo, chegando ao ponto de burlar a segurança do "Abril Pro Rock" prá entregar uma cópia de "CD" para Lenine (onde estávamos com as cabeças?). Mas talvez o silêncio seja mais permanente do que o barulho e é por isso que a despeito do desconhecimento geral de "Bossa" ela continua nos impulsionando para registrarmos - em silêncio- novas coisas (no melhor contexto de Moacir Santos) com outros nomes, mas com o mesmo espírito.
10 anos depois, vamos gravar o "Som na Caixa, Mané" e eu deixo com vocês a letra da música que abrirá o novelhonovo projeto: "Oração de Madame Satã a Santa Bárbara"
Oração de Madame Satã para Santa Bárbara
Por que será que ele samba
E me deixa bamba assim ?
E assim, sai varando a madrugada
E me deixa guardada, dentro de mim
Diz que a noite é uma criança
E que o mundo é seu lar
Diz que não sabe se volta
Nem me pede pra esperar
Não vou me importar
Se ele vai sem hora
Jogar-se aos braços do ar
Ou se ele então demora
Esse homem vou amarrar
Com um santo de Angola
Que é pro dia cedo raiar
E ele voltar-me agora
Zera a reza, a terça, mãe, irmã, Iansã
Eu fiz uma promessa, Ioruba, Nana
Ponta de Lança guarda minhas costas vãs
Com essa rosa negra
Não vou me importar
Se ele faz das horas
Um cetro pra ele reinar
Pela noite afora
Santa Bárbara há de escutar
Essa filha que ora
Pra dessa febre lhe exorcizar
E ele encontrar a aurora
Zera a reza, a terça, mãe, irmã, Iansã
Eu fiz uma promessa, Ioruba, Nana
Ponta de Lança guarda minhas costas vãs
Com essa rosa negra
"Bossa" foi a estréia do Confraria de Bamba (à época denominada de "Confraria de Samba", denominação modificada pela provável confusão com os então efervescentes grupos de pagode de churrascaria), um projeto gravado no Conservatório Pernambucano de Música, em um dos mais modernos estúdios de gravação da época. Éramos 1o anos mais jovens, tínhamos perspectivas nunca confirmadas mas que foram registradas em uma mesa digital de 24 canais.
A despeito de todas as falhas de gravação, a audição hodierna de "Bossa" transparece a explosão de criatividade que acorda nos 20 e poucos anos e que portávamos como cédula de identidade. Não há uma identidade nas 05 músicas de "Bossa", contrapartida da juventude tanto minha quanto de Rodrigo que impedia, através da surpresa de desvelar-se-mo-nos músicos, uma unidade tanto de composição quanto de arranjos.
Por isso mesmo a delícia de se ouvir "Bossa" 10 anos depois; seja pela voz hesitante e falha, seja pela poesia juvenil e - de certa forma - inocente que desponta na audição de cada música. "Bossa" teve uma acolhida mais favorável do que podíamos imaginar, mas nunca foi divulgada para o grande público, como cada gravação posterior do Confraria até sua última edição "Obra Aberta, Carta Fechada", que eu considero a obra mais bem acabada por nós produzida: o amor ao samba e ao frevo tradicional devidamente homenageado em três músicas dedicadas a Paulinho da Viola.
Por ironia do destino, "Obra aberta" volta ao mesmo ponto de "Bossa", quebrando com as experiências de "Confraria de Bamba", a segunda fase do projeto, gravada em 1998.
O fim mudo do Confraria retrata a minha incapacidade de dialogar com o mundo lá fora, a despeito das tentativas de divulgação das músicas empreendida por mim e Gustavo, chegando ao ponto de burlar a segurança do "Abril Pro Rock" prá entregar uma cópia de "CD" para Lenine (onde estávamos com as cabeças?). Mas talvez o silêncio seja mais permanente do que o barulho e é por isso que a despeito do desconhecimento geral de "Bossa" ela continua nos impulsionando para registrarmos - em silêncio- novas coisas (no melhor contexto de Moacir Santos) com outros nomes, mas com o mesmo espírito.
10 anos depois, vamos gravar o "Som na Caixa, Mané" e eu deixo com vocês a letra da música que abrirá o novelhonovo projeto: "Oração de Madame Satã a Santa Bárbara"
Oração de Madame Satã para Santa Bárbara
Por que será que ele samba
E me deixa bamba assim ?
E assim, sai varando a madrugada
E me deixa guardada, dentro de mim
Diz que a noite é uma criança
E que o mundo é seu lar
Diz que não sabe se volta
Nem me pede pra esperar
Não vou me importar
Se ele vai sem hora
Jogar-se aos braços do ar
Ou se ele então demora
Esse homem vou amarrar
Com um santo de Angola
Que é pro dia cedo raiar
E ele voltar-me agora
Zera a reza, a terça, mãe, irmã, Iansã
Eu fiz uma promessa, Ioruba, Nana
Ponta de Lança guarda minhas costas vãs
Com essa rosa negra
Não vou me importar
Se ele faz das horas
Um cetro pra ele reinar
Pela noite afora
Santa Bárbara há de escutar
Essa filha que ora
Pra dessa febre lhe exorcizar
E ele encontrar a aurora
Zera a reza, a terça, mãe, irmã, Iansã
Eu fiz uma promessa, Ioruba, Nana
Ponta de Lança guarda minhas costas vãs
Com essa rosa negra
segunda-feira, janeiro 02, 2006
E um cantinho de terra n´algum lugar
2006 é um mar azul a ser descoberto
Se fui pobre, não me lembre até depois do carnaval. Aliás, só depois do carnaval volto a funcionar corretamente. Enquanto isso, vou na manha, devagarzinho, concretizando 2006 aos poucos, sem pressa muita, que o sufoco até o fim de 2005 foi grande. Merecido passeio de lancha em Maragogi proporcionado pelos amigos ricos. Que a riqueza - da alma, principalmente - me contamine nesse ano que chega.
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