quarta-feira, setembro 20, 2006

Versus André

A lembrança do tempo é o próprio tempo
como a lembrança da noite será a própria noite
eu rezo então às estrelas
Estrelas de um outro céu, de uma outra noite
De algo que me perturba como um sussurro vindo de mim mesmo
Vindo do tempo que só muda dentro de mim
deste ser interpretado que eu me tornei

Estrelas de outro céu, que podem me dizer?
Que há um conforto em um grito que ousei proferir
E que hoje é eco
(ou seremos sempre o eco daquilo que sequer pode existir?)

Mãos das estrelas, acariciam o meu corpo
(acariciam o meu corpo em suspensão)
Aos poucos vou me tornando uma memória, uma lembrança,
lembrança de que aqui existia irresignação

A lembrança do homem é o próprio homem?
Poderá se ouvir a amplidão daquela voz?
Por onde anda você, anjo, sangue e presença;
por onde anda você, estrela tão veloz?
A lembrança do fogo é a sombra que me aquece nesse dia
Nesse Mundo de lembranças em que meu Mundo se verteu
Eu canto esse poema, para que meus olhos continuem abertos
E eu durma acordado em uma outra noite
que na lembrança de mim mesmo se encantou e se perdeu

segunda-feira, setembro 18, 2006

Balada para Eólio de Mileto

Porque assim como acontece com as lagartas
a morte chega aos jovens em forma de asas

quarta-feira, setembro 13, 2006

Balada de Jonh Ashtray

Tenho medo de grandes amores
de baratas voadoras, de pessoas de circo
Tenho medo de bocas de lobo
do que se esconde infinito por debaixo da cama
tenho medo de luz apagada, mas não do escuro
de areia movediça ainda que só no filme
tenho medo de ir e nunca voltar
como Jonh Ashtray
que seguiu sempre reto na Avenida Boa Viagem
e sumiu para muito longe, para além do próprio medo