A lembrança do tempo é o próprio tempo
como a lembrança da noite será a própria noite
eu rezo então às estrelas
Estrelas de um outro céu, de uma outra noite
De algo que me perturba como um sussurro vindo de mim mesmo
Vindo do tempo que só muda dentro de mim
deste ser interpretado que eu me tornei
Estrelas de outro céu, que podem me dizer?
Que há um conforto em um grito que ousei proferir
E que hoje é eco
(ou seremos sempre o eco daquilo que sequer pode existir?)
Mãos das estrelas, acariciam o meu corpo
(acariciam o meu corpo em suspensão)
Aos poucos vou me tornando uma memória, uma lembrança,
lembrança de que aqui existia irresignação
A lembrança do homem é o próprio homem?
Poderá se ouvir a amplidão daquela voz?
Por onde anda você, anjo, sangue e presença;
por onde anda você, estrela tão veloz?
A lembrança do fogo é a sombra que me aquece nesse dia
Nesse Mundo de lembranças em que meu Mundo se verteu
Eu canto esse poema, para que meus olhos continuem abertos
E eu durma acordado em uma outra noite
que na lembrança de mim mesmo se encantou e se perdeu