Para falar bem a verdade, estou meio sem tempo de postar algo que valha a pena (com as escusas pela ausência de humildade). O engraçado é que fica uma cobrança estranha dentro de mim, como se eu fosse um leitor de mim mesmo. Para esse mim, digo algumas coisas: não é que eu esteja sem tempo por trabalho, dissertação, gravação, ensaios ou coisa que o valha. No fundo, no fundo é esse meu pensamento inafastável do carnaval. Eu só consigo pensar nas prévias, nos arranjamentos (existe esse anglicismo?) no que estar por vir; e é essa a melhor hora: a da existência iminente. Quando tudo é um quase desse mesmo tudo. Foi mal, mim. Para aliviar um pouco a cobrança, posto este poema inacabado. Difícil de ser construído. Mas o resultado de então vem me agradando muito. Então divido ele comigo. Até mais ver...
TOURADA
Isso, que me repudia, o matrimônio
Não entre a carne e a carne, mas a elegia
entre a carne e o aço, eu diria,
entre o touro e o braço à luz do dia
Isso, que me repudia, ou deveria, causar ânsia de vômitos ou apatia
Dantes me causa um assombro ou uma alegria
De ver em tal casamento a fidalguia
da união carne a carne à luz do dia
O touro, este esposo em fúria, de si avança
Para abraçar sua morte, febril se lança
Que o casamento na arena não guarda a vida
Mas une em antítese a carne a sua própria ferida
Que a arena é da vida a anti-vida, da parte a contra-parte
Onde há a união, mora o aparte
Onde nasce o homem, Deus encontra a morte
Onde encontras teu executor, eis o teu consorte