quarta-feira, maio 25, 2005

O Quarto em Desordem

Esse é o poema que me perturba o sono. Não há escapatória dele...mas cedo ou mais tarde, na tranquilidade de nós mesmos, nos deparamos com o quarto em desordem; como Drummond se deparou:

O Quarto em desordem

Na curva perigosa dos cinqüenta derrapei neste amor.
Que dor!que pétala sensível e secreta me atormenta e me provoca à síntese da flor
que não sabe como é feita: amor na quinta-essência da palavra,
e mudo de natural silêncio já não cabe em tanto gesto de colher e amar
a nuvem que de ambígua se dilui nesse objeto mais vago
do que nuvem e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo
verdade tão final, sede tão vária
e esse cavalo solto pela cama a passear o peito de quem ama.