domingo, outubro 19, 2008

Quantos mundos existirão entre um homem e seus gatos?
quanta assimetria, segredos, confissões
levaram esse que sou a amar
algo tão alheio, tão diverso e ao mesmo tempo próprio
tornar-me o animal de estimação dessa grande ausência
e deixar-me encoleirar por saudade tão diversa

Quantas cidades, quantas pessoas, quantas antlântidas submersas
existirão entre um homem e seus gatos?
Nesse espaço vazio que se assenhora de mim
fica a capacidade de amar o plural
rendido, inutilmente rendido, a um mundo sem animais
bestialmente humano, com essa dignidade reles e torpe
sem os olhos noturnos que contêm o que ainda há de sagrado:
eu me preparo para morrer sem lenda, sem metafísica
pois os homens são, sabem os bichos
os únicos seres que morrem e mais nada.