quarta-feira, maio 05, 2010
D.R.
Preciso esquecer você. Como continuar vivendo se nossa relação é o mais sublime dos gozos e a mais dolorosa das torturas? Que homem foi forjado para suportar essa oscilação de sentimentos, ao sabor do inevitável, da sorte, do fortuito? Eu quero fazer o meu leito na racionalidade, dormir nos ombros da segurança, sem a necessidade de prever o futuro, porque o presente está em minhas mãos. Com você, o futuro a deus pertence. Deus é sempre uma incógnita. O presente não diz nada. Eu brigo com meus irmãos, por sua causa. Eu grito na madrugada palavras que nunca pensei em proferir no secreto dos meus medos. Em vão, eu tateio um conforto, uma paz qualquer que assole meu espírito e me mantenha na calmaria da mediocridade. Em vão. Você vem com todo terror e benção de uma tempestade e me deixa lançado ao hiato armado entre o fio da esperança e a lágrima incontida. Você me deixa nu nas hordas do inimigo e armado no seio do meu exército. Você me faz o homem pleno de felicidade mundana e o mais miserável dos mendigos na noite silenciosa dos fogos alheios. Eu preciso esquecer você. Futebol, eu preciso me desapaixonar por você.