"Sexta-Feira à tarde, o Bar do Luna é um problema"
Cantava assim o Suvaca di Prata, mais ou menos na época em que Waldemar (o Tenente Docinho) me levou para conhecer o Bar do Luna, no IPSEP. Estávamos fazendo um tour gastronômico pelos botecos da cidade, e o Tenente veio com essa novidade. Lôas ao Chambaril.
Não perdemos tempo, então: rumamos para os lados da Avenida Recife em busca de mais um ponto de refúgio para o cotidiano estafante de quem milita na advocacia.
O Bar do Luna não tem placa, nem posição privilegiada em relação às demais casas familiares da rua. Mas se você vai pela primeira vez, é só seguir o burburinho na calçada e prestar atenção na quantidade de carros estacionados em frente a uma casa de portão de ferro. Restaurante caseiro, montado em uma casa de família, mas já devidamente estruturado para a quantidade de pessoas que recebe, você está no mundo pernambucano do Bar do Luna. O Seu Luna está sempre no meio dos garçons, checando cada detalhe relativo à satisfação do cliente. Ou melhor, satisfação do freguês.
Sugiro que você comece com o caldinho de dobradinha, inteligentemente acondicionado em uma garrafa térmica, que fica na sua mesa, até você se fartar do início. O Bar do Luna não serve para a fartura de um só. São pratos para serem divididos, compartilhados, pois no pirão, nos miúdos, no sangue coagulado o socialismo é mais que possível: é uma obrigação.
Às vezes a semente da discórdia é plantada por quem disputa o tutano, mas nada que faça esmorecer a beleza do chambaril robusto, a cor sagrada do sarapatel, o ouro fino da dobradinha. O sol vai morrendo dourado e o dia fica da cor da cerveja que sobeja no copo, e a sexta-feira já deixou de ser um problema, virou uma recordação.