Do lugar em que me formei, diz-se Casa de Tobias
Por ter sido, Tobias Barreto, seu aluno melhor
Escreveu grandes obras jurídicas e de filosofia
Concorreu à cátedra na sua Casa e ali se eternizou
A Casa de Tobias nunca foi casa minha
pois nunca soube da vida o que seria meu
Minha filosofia não se alimentaria da poeira do passado
Nem minha poesia nasceria de um fogo que anoiteceu
Eu vivia fora da sala de aula,
Esperando, com um copo, o Mundo que me corrompeu
Mas por lá também estudou Carlos Pena Filho
Que o efeito da vida sobre a poesia preferia estudar
Nas mesas de ferro do extinto Bar Savoy
(que mimetizava o Mundo que dói em forma de bar)
Os homens engarrafavam sonhos em forma de navios
Dando-lhes nomes de mulheres e de heróis vindos do ar
Que maravilha seria estudar ao lado de Carlos
E ver o direito internacional, nos copos de vidro, naufragar
Do direito penal exigir somente a liberdade das gravatas
E do direito privado pedir que apenas nos deixassem público o mar
E proclamar que nenhuma norma é válida
Com tanto desejo preso no coração
Depois da meia-noite seríamos todos réus primários
Buscando no navio do Mundo a nossa consolação
Por isso quando perguntam onde eu estudei
Se é na Casa de Tobias que a saudade me corrói
Eu engarrafo um navio em forma de sonho
E digo que minha Casa é a Casa de Carlos,
O Carlos do Bar Savoy