quinta-feira, julho 12, 2012

Olhos Brancos







À Musa Tétis, a mais bela das Nereidas dos mares de Poseidon


José Dias sugeriu a Bentinho que reparasse os olhos de Capitu
Eram olhos de cigana, oblíqua e dissimulada

Isso se deu no Passeio Público
Isso foi no século dezenove

José Dias se salvou

Fosse hoje, essa observação literária poderia ter-lhe custado um processo
Pois os ciganos protestaram contra a inteireza da palavra
Contra a pluralidade de significados
É esse um tempo de homens que protestam
A 4ª Guerra Mundial no século vinte e um


O Ministério Público acatou o protesto dos ciganos
E mandou os dicionários se adequarem a esse novo tempo
Em que os homens não podem pensar por si mesmos



Errou o filósofo que disse que as palavras não morrem
O extermínio sub-reptício vem travestido de ética

E subtrai significados como um beijo na face do povo



Os dicionários se reinventam nessa guerra sem bombas
Os pianos tocam músicas previamente selecionadas
E um branco mais noite que a noite esfaqueia o silêncio

Que ficou nos olhos desinventados de Capitu