segunda-feira, abril 04, 2005

Elegia ao Perdão

Eu te perdôo, vida eterna, pelo que não fostes
Silencio teus erros nos meus erros, para ficarmos quites
Se errastes comigo foi porque eras gente, e tua carne era de carne – não de infinito

Eu te perdôo, vida eterna, pelos teus gritos
Mereço cada um deles por não ser Cristo
Toma em contrapartida esse meu olhar baixo, esse silêncio tão tímido de homem remido

Eis minha outra face – e ela é igual à mesma
Sempre uma face que se dá por outra, mas é a mesma
Eu te perdôo, vida eterna, pela tua vontade, e oferto a ti a mesma face pelo que desejas

Eu te perdôo, vida eterna, pela tua finitude
Tu que acabas em ti e disso te orgulhas
(eu sou maior que tua vontade porque um dia eu morro)
E é nas cinzas já mortas que recomeçam as fagulhas