quarta-feira, maio 23, 2007

REVEL

Trago sempre comigo essa impressão de revelia
De que as coisas acontecem no ponto cego do meu retrovisor
Desapercebidas de mim que me preocupo com a rua defronte
E não consigo enxerga-las no ponto cego do meu retrovisor:
Um unicórnio negro, Ulisses se preparando para sair de casa
Um ciclope, uma bruxa, Jesus Cristo

Quando dou por mim, eles já não estão mais lá
E só me sobra esta estrada de concreto
Com pessoas preocupadas se vão morrer
Homens consertando os postes de luz
O vapor da vida a despejar-se dos seus suportes vãos

Mas a beleza sobrevivente dos contos de fada
O mistério do divino para o ateu e para o crente
A máquina do mundo a abrir-se para quem nela crê:
Sempre no ponto cego do meu retrovisor

À revelia de mim, o mundo vira poema