Cabeça Branca é o nome do sujeito. Só o dedo de prosa vale o calor da Encruzilhada. Mas o percurso não termina nas palavras, o Bode Dourado tem e merece a fama do melhor bode de Recife. Comer bode é uma arte para poucos. O sabor não agrada a todos. Mas a base do sertão vem ali, no prato, dourado como diz o nome. Acompanhado do pirão. Da vinagrete. Da farofa. O dourado do nome está na capa que protege a maciez da carne, dourada, resultado de algum tempo no forno depois de ter sido amaciada na cocção.
Quando servido, o bode é crocante, com o sabor característico preservado, seja no pernil, seja na costela. Os ossos se acumulam no prato, que mimetiza um cemitério dos prazeres passageiros, sem nos dizer "nós, que aqui estamos, por vós esperamos". Não, é antes um cemitério da boa lembrança, do gosto da carne minuciosamente preparada.
A simplicidade do lugar é inversamente proporcional a grandeza do preparo do bode. Esse animal que resiste às intepéries da vida, do solo seco, a palo duro, mas felizmente domado pela nossa fome, pois triste do bicho que o homem come.
(PS - Depois do bode, sugiro o licor de cana de açúcar de Triunfo, gelado, doce, perigosíssimo).
Abraços, Edvaldo, ó cabeça branca.
Bode Dourado
Rua Dr. José Maria, 217, lojas 09 e 10.
Encruzilhada
Recife