domingo, outubro 17, 2010

Bastardo

Se eu não escrever hoje esse poema, alguém o escreverá por mim
Na tradição do haiku japonês ou nos longos descritivos latino-americanos
Ou em São Paulo, um poema rápido, certeiro, como a cidade que já se foi

O poema não se atém a mim
Não se dobra
Não se cala
Não diferencia o caráter de quem o empunhará

Talvez o filho de um poeta morra hoje (e a solidão avassaladora do ser
Lance uma rede para o infinito
E roube de mim esse poema, que tanto custa a nascer)