domingo, outubro 10, 2010
Maria Eduarda, meu tempo
O paradigma do meu tempo estava nos fios brancos da minha cabeça, no meu corpo que não corresponde mais às expectativas da plenitude humana. Agora, eu vejo o tempo agir no sorriso de Maria Eduarda. Nas perguntas que ela me faz. O tempo desce nos cachos de saem da cabeça de Maria Eduarda e não se deixa domar apesar dos meus clamores para que ela caiba de maneira perpétua em meus braços. Maria não se importa com a passagem das horas, ela é imune às digitais que o velho imprime dentro da nossa cabeça. Mas eu sou atingido toda vez que uma vela a mais compõe sua idade sobre o bolo de aniversário. Já não preciso me olhar no espelho, contar os dias, dispor dos segundos restantes. Minha medida de tempo está em Maria; é nela que eu envelheço, é por ela que fico cada dia mais novo, renascendo frente ao tempo que, tão perfeitamente, sorri para mim.