quarta-feira, novembro 24, 2004

A Luciana Espíndola

Lembra desse poema? Achei mexendo em umas coisas aqui em casa...amanhã eu vou para o Rio. Nesse meio tempo, fica bem tá? Quando eu voltar faço um samba prá você. Caço vaga-lumes no quintal prá fazer você rir. Encho o seu copo de cerveja, e não deixo ela esquentar. Tiro você da dieta. Conto piada sem-graça. Vou até o Araguaia tecer um país só prá você.

Beijo, Lou.



Acorda Luciana


Acorda Luciana, acorda anjo meu
Há uma menina dormindo com os olhos que são teus
Há um corpo velando um corpo que não quer acordar
Há um sonho estranho que não se pode querer sonhar

Há um sangue parado na veia que quer se mover
Há um beijo roubado na boca que está por se ter
Há uma banda lá fora, tocando uma muda canção
Há uma batida mais forte esperando o teu coração

Há um deus cabisbaixo, esperando uma oração para ele
Há uma alma intranqüila esperando, morte, carne e pele
Há uma seca lá fora, (será lá fora que se dá o agreste?
Ou será aí dentro, que a terra seca o verde veste?)

Há uma coisa escondida, que sequer sei nomear
Mas que guardas aí dentro, esperando você mesma acordar
Uma coisa que não tem peso, mesura ou tradição
É sequer uma presença, é sequer consubstanciação

São as suas reticências, é a sua imperfeição
A beleza de se estar incompleto, o si em sempre construção
Acorda, para isso, Luciana, acorda anjo meu
Há uma menina dormindo um sono que não é teu