Não chegarei a ver os quadrinhos (comics) alçarem o status de arte, como aconteceu com o cinema e a fotografia (que findaram por libertar-se do jugo da categorização artística clássica) no passado século XX. Talvez seja necessário o advento de mais uma geração fanática por este meio de expressão da alma figurativa humana para que estes instrumentos, que tanto me divertiram nos meus melhores anos, sejam tidos por paritários à música, à poesia, e às outras musas velhas e novas.
Cá com meus botões, nunca torci o nariz ao bom e velho gibi. Ao contrário, devo a eles momentos significantes de gozo artístico literário. Giórgio me presenteou com a recordação de uma das histórias mais envolventes publicadas pela D.C comics que eu já tive o prazer de ler. Nela, o transborde das citações pop de um mundo que preenche (ainda preenche) meu imaginário. Metalinguagem pura. Diversão pura.
Em um dos melhores momentos, um arroubo poético do escritor Grant Morisson que trago a vocês...Está lá, no "Evangelho do Coiote":
"Dói respirar e tem um estilhaço de pedra cravado em sua virilha
Ele jamais saberá que a rocha contém uma anêmona fossilizada de perfeita e microscópica beleza"
Muito bom.