quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Como um sonho ruim

Eu sou como um sonho ruim
De alguém – que em uma noite suada – lutou para sair e saiu
E em um momento ficou o sonho como algo de dentro para fora a observar quem desperta de fora para dentro
E aos poucos vou desaparecendo como o vapor de coisa que só existiu para os olhos fechados

Em vão luto para permanecer, não permanecerei ainda que lute
Enquanto o que é real desperta,vou adormecendo e me perdendo de mim
E cada segundo da consciência desperta vale a inexistência de um constitutivo meu
Toco meus pés, mas já não há pés
Toco meus braços, mas já não há braços
Toco minhas mistagogias, mas não há nem fé em mim, nem em nada
Pois já não sou eu: sou aquele que desperta de mim e não se lembra
E só pressente o sonho ruim que o precedeu

O pesadelo da inexistência é não ser lembrado.