The Outsider´s Samba Soundtrack
Chegou atrasada e demente
Com marcas que possivelmente
São feitas sob os lençóis
Bebeu do meu copo na mesa
E me disse “é apenas cerveja,
Então não faça caso irmão
Que hoje eu não estou pra não”
Beijou a boca da Rosa
Enfiou-me um dedo de prosa
Pedindo pra eu não me afastar
“Que trago cocada boa
e outras coisas à toa
enquanto o Mundo vai dormir
vamos fazer o samba cantar”
Ela é minha rota desvia
A noite sangrando em meu dia
Canonizada por beberrões
Santa de pecados e de ladrões
Agora eu estou sem ela
E a vida me vê na janela
Olhando a vida passar
Agora eu estou na janela
E a vida que se faz sem ela:
Café, almoço e jantar
(esperando a vida passar)
(lá fora o samba vai cantar)
O Jovem Gilberto Freyre ou a Invenção do Brasil
Essa multa quando pisa no terreiro
Ilumina um povo inteiro
Dentro do meu coração
Eu vou traçando em suas pernas novas rotas
Como quem suave aporta
Em um porto em formação
Essa cabrocha do gostinho brasileiro
Me concede o corpo inteiro
Pra eu entender a minha mãe
Vai tatuando em minha pele um novo Estado
Que emerge inventado
Na ante-sala das manhãs
Se ela vive entre as estrelas
Se ela é meu grande amor
Ai minha cabrocha
Flor do mundo
Minha flor
Ela vem me dar um beijo
Reconstrói minha raiz
Abro os meus braços
E abraço o meu país
Eu ouço os passos de um país se costurando
Nas alcovas se formando
Entre desejos e tendões
Eu ouço as vozes de um país que é sussurrado
Como quem faz um pecado
E não se arrepende depois
Eu vejo os passos da morena brasileira
Se chegando sorrateira e presidindo minha nação
E na delícia dos seus passos mais bonitos
Vou convencer os mais aflitos
Que isso é evolução
Valsa para Angenor
Entre a carne e a cruz
Onde mora a dor
Onde o meu samba fez morada
E a semente nunca vira flor
Nesse grande mar
Solitário e vão
Fico porta-voz da alvorada
Cubro de verde e rosa o meu chão
A noite quando me vem é madrugada
E o mundo já se tarda dentro de mim
O samba é quem me mostra
A flor a ser exposta
Na valsa da solidão de quem diz sim
Samba Muderno
Esse samba de roda é muderno
É pra quem tem sandália no pé
Descobri que o samba é a força
Que põe força na minha fé
Vou deixar minha guitarra de lado
Vou deixa minha barba crescer
Pedir bença pra Mãe Clementina
E fincar minha raiz num bangüê
Você pode ser emo ou Hermano
Você pode ser do Mombojó
O meu samba de roda é muderno
Mas é levado na palma da mão
Sampleando a voz do passado
Vou cantar a glória nacional
Onde quer que se faça um barraco
Vai ser lá minha Lapa pessoal
Burburinho (to lá...)
No Cafofa (tô lá)
No Quintal (to lá)
Lá na Toca....