quinta-feira, junho 14, 2007

O FANTASMA DA REPARTIÇÃO

Quando o corpo esfriou de matéria
E o caixão era tudo que se mostrava restar
Sr. José Antônio levantou-se do seu túmulo
E objetivando a repartição pôs-se a andar

Anda que anda: “será que não há descanso
para a alma concursada?”

Enquanto algumas almas seguiam para o inferno
Enquanto outras tantos para o céu rumavam
O Sr. José atravessa a Rua do Imperador
Como se os formulários públicos fossem sua estrada

E o vigia da repartição por vezes e outras
No fim da noite jurava que ouvia
Uma máquina de escrever batendo sozinha
Escrevendo em papel nenhum a mesma melancolia:

“É da eternidade da alma que nasce o suspiro
É da eternidade da alma que nasce a burocracia”