Eu freqüentemente me atraso para a flor que a vida me ofertará
Como um vício não tão raro, que se cultiva dentro de mim
Por outra mão que não a minha, hei freqüentemente de me atrasar
E sequer hei de chegar ao dia em que se anunciará meu fim
Porque o tempo não negocia comigo,
taciturno como meu pai, não me lança um olhar
E a aurora das coisas, como fruto inalcançável – mas de beleza táctil
irmana-se fácil com o tempo presente
E minha pele ressente saber e não estar lá
Enquanto o mundo faz e se refaz dentro de um avião
Minha preocupação é correr e pegar o bonde
Que por um infortúnio do meu vício, gritou meu nome e já passou
Eu sigo atrasado sei lá, não sei, para onde
Pois o meu século vinte no meu século dezenove caiu e ficou
E assim eu durmo sem ouvir o relógio que deveria me acordar
As catedrais e as cidades vão se construindo para além de mim
Por outra mão que não a minha, hei freqüentemente de me atrasar
E sequer hei de chegar ao dia em que se anunciará meu fim