segunda-feira, outubro 18, 2004

Aos que estão longe de Sevilha

Sevilha e flamenco. Sevilha e vinho. Sevilha e lulas. Sevilha e ciganas. Sevilha e João Cabral. Para quem nunca foi, para quem sente saudades, para quem quer voltar: Sevilha e dança - ainda que nós quedemos imóveis.

A Dança Imóvel de Sevilha

Dança como a catedral imóvel, que de si a si principia
A dança dos que não se movem - mas sonham com essa ousadia

Dança como a faca embainhada, presa na carne-bainha
Embora contida na carne - faz temer quem anda na linha

Dança como a semente intacta (virgem de vida explodida)
Move-se no sonho de árvore, antecipando a próxima vida

Dança como o touro cego que pressente o que se anuncia
A morte - essa bailada – e, parado, se joga à alforria

Dança como o fogo extinto que em suas cinzas traduz minha calma
Preparando-se para ser novo fogo, enquanto - chama - dança na alma