Sandroca:
Parece que pedantismo vai mesmo invadir a Alemanha. Não bastasse a penca de filósofos alemães que somos obrigados a ler, ainda teremos que aguentar você daqui a quatro anos, mais insuportável do que nunca, falando alemão e metendo o pau na cultura brasileira. Não sei se meu saco escrotal tem pele o suficiente para suportar o esticamento que advirá da sua chegada no aeroporto. Mas tenha certeza de uma coisa: eu estarei lá. Estaremos todos juntos, tal qual nesse sábado esquisito em que você saiu chorando pelo lado errado do portão. Adauto chorou. Eu não. Estou feliz por você. Você quis isso mais do que qualquer coisa. Invejou doentemente os que lá já estavam. Você conseguiu. Vá tomar no cu por isso. É como saudamos os felizes. Você vai sentir saudade seu merda, ainda que não o admita, fazendo essa pose de superioridade intelectual que deixa você ainda mais com cara de mané. Você vai ser um ponto de saudade em uma terra branca, asséptica e correta como um relógio suíço. Saudade só existe na língua portuguesa, e essa língua vai te fazer tanta falta quanto o gosto de feijão e o cheiro do mar que não vem. Mas seu copo de cerveja está lá imexível, intocável na mesa de qualquer bar que nos receba por estes lados da pobreza tropical. Daqui a quatro anos esse país continuará sendo miserável, os tubarões continuarão comendo os surfistas infelizes, o sol continuará de rachar, os livros de auto-ajuda continuarão no topo das listas dos mais vendidos, e nós estaremos no contorcendo de novo de rir por causa do novo óculos que você terá acabado de comprar. Com eles ou sem eles, nós estaremos por aqui.
Até breve, seu mané...